Ele era seu confidente. Seu protetor, seu conselheiro, sua risada, seu motivo, sua companhia, sua segurança, sua confiança, seu melhor amigo. Ela sabia que podia contar com ele pra tudo, e sabia que era raro aquele laço de amizade que ela tinha com ele. É claro que os dois se atraíam, por mais amigos que fossem nunca deixariam de ser homem e mulher. É a lei da natureza. Ele já havia se perdido no corpo dela, já havia achado sexy aquele sorriso. Ela jurava que podia se apaixonar por ele a qualquer momento, por aqueles olhos sinceros e por aquele abraço. Mas foi uma decisão feita no início. Seriam amigos. Só amigos. Com o passar do tempo se acostumaram com tudo isso, ela se apaixonou, namorou. Ele fez o mesmo, teve seus relacionamentos. E desabafavam um com o outro, falavam de seus amores, e de como aquela menina ou menino era atraente. O que mais queriam era ver o outro feliz. No último caso ele o foi o cupido, mas nem tudo saíra como o planejado. O fim chegou, e ela não pode se conter em lágrimas. Correu para os braços do seu amigo, e chorou amargamente. Ele não resistiu ao vê-la daquele jeito e chorou junto. Brigou consigo mesmo por ter feito parte aquilo. Por ter dado chance para um idiota ferir o coração daquela linda menina que era tudo pra ele. Ela o abraçou forte e disse que não era culpa dele, mesmo ele não aceitando isso. Por um momento ele quis sair correndo para dar uma dura no homem que a desrespeitara, numa tentativa de perdoar a si mesmo. Ela o segurou pelo braço antes que ele saísse pela porta. Ao se virar e olhar dentro dos olhos vermelhos daquela garota, algo aconteceu. O inesperado, o errado. Teve um desejo incontrolável de amá-la naquele momento. Mal sabia ele que também algo borbulhava dentro de um coração ferido. Ela enlaçou seus braços no pescoço dele e o beijou pela primeira vez. Ela não estava fugindo, nem mesmo tentando esquecer um homem se distraindo com outro. Ela simplesmente se apaixonou naquele momento, por aquele cuidado, por aquele amor verdadeiro. Foi um beijo demorado. Ela esqueceu tudo, se entregou. Ele no início estava confuso, mas acabou não resistindo e atendeu aos desejos dela e dele próprio, naquele momento, com o maior respeito possível.
De repente ela parou. Arregalou os olhos e lentamente se distanciou. Colocou a mão nos lábios e perguntou: - isso é certo?
Ele perguntou de volta: - qual foi o seu motivo?
Parou para pensar em alguns segundos, e espantada com a resposta que obtivera, respondeu: - Descobri que te quero. Muito.
Ele deu um sorriso bobo. Percebeu que estivera sempre ali, disfarçado pelo amor da amizade.
- Pois então descobrimos o amor junto – respondeu ele, e segurou a mão dela. Ela soltou rapidamente, passou a mão nos cabelos e temeu. Temeu que isso pudesse terminar mal, que a amizade poderia acabar e também teve medo do futuro. Contou isso a ele, uma lágrima rolou naquele rosto inseguro.
Ele docemente segurou seu rosto entre suas mãos macias. Olhou profundamente nos seus olhos e disse:
- Eu prefiro me arriscar mesmo sabendo que um dia posso me arrepender, do que ficar ao teu lado e olhar pra você sabendo que não posso te ter nos meus braços novamente. O que eu mais quero é te fazer feliz.
- pois saiba que conseguiu. Eu nunca fui tão feliz ao lado de alguém. – ela respondeu. Correu para os braços dele, e se protegeu ali. Enquanto ele sentia o cheiro do seu cabelo limpo, ela teve a certeza, que ali era o seu lugar, e que não precisava mais se preocupar com o que viria. Já que o futuro não teria graça, se não estivesse com ele - seu melhor amigo, seu melhor amor.
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